28 de abril de 2011

...Ele caminhava lentamente, e a propósito sempre estava sozinho. Absorver gestos era existencial para ele, o engrandecia.
Já cansado de esperar por alguém, sua única expectativa era sentar-se no chão - no chão não há risco de tropeçar, dizia para si mesmo em silêncio absoluto.
Com um fruto na mão, seu estômago clamava por alimento, clamava por saciedade, porém ele não podia provar do fruto. Seus lábios foram costurados com linha de algodão - quem tinha feito isso ninguém sabia, era mistério dos grandes!
Ele era mais um dos castigados, mais um dos que por alguma razão merecia tal maldade...

27 de abril de 2011

Realidade.

Sempre apreciei o sorriso bem vindo, a boca falante que trás consigo o envolvimento entre a boa conversa e a atenção necessária. Digo pra mim mesmo: Tenho que aprender a ser mais humano, mais real, mais decidido. E o que realmente me focaliza é a forma de ressurgir espertamente e acreditar em um nada borrado em papel vegetal, ou seja, escrever e nunca concluir. Não gosto da idéia de ser crítico o tempo todo, o que eu preciso é ser desenhado, ter relevo para o tato me notar, absorver-me na pele da rotina e ser presença.

25 de abril de 2011

Sentado no chão mesmo, Joaquim lia um livro em um dos vagões de trem de São Paulo. Ali perdido em seu tempo, escondido em cada página o menino se refugiava, tinha esperança.
O livro o  preenchia por inteiro, era o que o salvava. E por mais que o trem demorasse para chegar ao seu destino o menino rezava para que esse momento fosse eterno.

24 de abril de 2011

E por haver notas agudas minha mente desacelera...
Servir-lhe-ei de fôlego ao vento. E no encantamento dos gestos os dedos apontam para uma direção, uma rua, uma intenção. Sabe-se lá se é um caminho distinto, ou correto. Apesar dos ponteiros marcarem 10h não ouso pisar fora da calçada, da linha de chegada.

No seu falar exalava um aroma sonoro esculpido nas claves de sol de uma antiga e perpetua melodia da vegetação do sul, onde o grito nasceu. E por vezes seus sussurros eram o remédio para muita gente, para muitos corações, para o meu.

Ela sempre canta ao meu ouvido, e só eu posso escutá-la - Foi-me dado esse dom. Ela canta em tons de valentia e suprema eficacia e isso me angustia por dentro, por não ter a solução, por não usufruir palavras de vocabulário culto. Deixo cai em meu peito cada frase da canção, cada palavra mesmo.

E começo a refletir em meu presente, cavo em meu interior o entusiasmo necessário, bebo copos de água, refresco-me por inteiro. Ela sempre canta na hora certa. Não sei quem ela é, apenas foi me dado o dom de ouvi-la ao pé do ouvido.

21 de abril de 2011

Serei essa sonoridade aparente, e ao mesmo tempo contida em uma garrafa, e preso por uma rolha.
Ser-lhe-eis como um quadro de um artista famoso deixado no canto da sala. Impreciso. Insolúvel no que diz respeito de minhas escolhas que me trazem memórias errôneas de uma parte de minha vida obscurecida pelo simples. É de se admirar que cavo minha própria cova diariamente, quando caminho descalço ao ar livre e tenho a sensação, louca sensibilidade de ser um disco riscado, uma vitrola extinta.
Confesso: já imitei temperamentos alheios, já cometi pecados imperdoáveis, contudo O olhar de Deus persegue-me com afeto, o mesmo sentimento paterno do princípio quando o aceitei em meu peito, na noite da decisão. E de lá pra cá tenho presenciado a renuncia da carne, que gela-me os ossos. E só quem renuncia é que se sabe dar valor necessário à essa causa tão urgente.
O morrer de contínuo é encaixe para o esquecimento de um timbre de agonias infames, que não trazem brilho há vida. Há tão sonhadora vida. 

18 de abril de 2011

Bem sei que não devo proceder ironicamente,


escrever direto,
 falar de fato o que realmente eu sinto.

Audrey Assad

Por vezes sinto-me resfriado pelo silêncio de tuas pálpebras e desço a escada olhando pra baixo, descendo nesse sentido me diminuo; não sou mais o grande nem muito menos o aparente. Sou a chama de uma pequena e incomum vela, uma vela que no escuro dos dilemas faz toda a diferença – Deixo-me apagar pelo ar dos teus lábios.

14 de abril de 2011

Abraço...

O ser distante, porém real diz:   O que faz?



O menino esquecido responde: Esperando um Abraço...


O ser distante, porém real diz: E quando ele vai ai te dar?


O menino esquecido reponde: Quando o outro abraço sentir realmente necessidade...


O ser distante, porém real diz: “Tendi”


O menino esquecido reponde: Então vem me abraçar...






"O silêncio reina, as duas personagens esperam respostas, esperam o suprimento real de suas carências."

Poesia concreta...

A
Gota
Molhava
Meu interior,
Minha revolta,
Meu pedaço
De reza, de
Fé.

Ela...

Eu não precisava beijá-la para notar tal semelhança com Eva, a mesma que provou do fruto da árvore do bem e do mal. Eu sabiamente troquei de túnica e me escondi entre os arbustos do sombrio e de lá podia avistá-la de longe. Nua ela não se escondia, permanecia pálida e gélida como uma estátua. Era dotada de uma beleza invejável. Ela era a beleza! Mas sua frieza me impedia de conhecê-la como realmente ela era talvez eu não suportasse absorver sua real essência; a única certeza que tinha era que seu caráter duvidoso enchia sua parede interior; sua personalidade. Seu castigo era sair de seu aspécto paralizante e  vagar errante pelos desertos procurando a quem podia tragar. E eu apenas permanecia a observá-la.Eu era a certeza que ela existia...

9 de abril de 2011

Quero respostas...



*****


[...]Quem  inventou tua personalidade glorioso Amor?
Quem desenhou tuas formosas fontes?
Quem gerou vida em ti?



*****

Na movimentação...

E esse amor que me movimenta, que gera em mim essa luz.
E na movimentação certa meu intimo acorda, e em cada tecla do piano o seu nome soa nitidamente, é por isso que tenho a suave sensação de te ter por perto, é como se tua presença habitasse ao meu lado, e de fato ela está aqui entre as notas agudas e graves.
Permita-me saber a profundidade melódica de ti, 
da tua essência, 
do teu sacrifício? 


E as cores não serão mais as mesmas, 
e o meu jardim será o mais secreto possível!

#

#

8 de abril de 2011

Estupidamente levaram o que era meu, 


Minha
risada, 
meu
fôlego, 
meu
prazer
de
viver!

6 de abril de 2011

Eu vou te absorver:

                              Com minha toalha de mesa,
               Com meu guardanapo de papel,
       Com meu contra-gotas,
Com minha pele!

Margathmah.

O cordão não quebra, a ruína aparentemente acelera, ela não possui forças, a mente estufa, ideias caem ao chão. Por um momento assim, o nada ganha vida, a poeira se modifica, com sentido agonizante se prepara para o ataque, a luz ofuscada debilitadamente se esconde trás da vidraça, do lustre de "Margathmah".
A jovem Margathmah é o resultado do julgamento alheio, do beijo perdido, do perdão guardado na caixa de ferramentas. Margathmah é a descida da Rua 22, de um desleixo intrigante entre o manifesto do "possuir" e o "Jenuinamente", e nesse combate de palavras a confusão está armada, como tenda, como enxurrada, corrente fortíssima, o laço.
Ela expôs tudo de si, seu arrotos, seus arrepios.
Margathmah, uma expressão fora de foco, um borrão, o grafite do lápis, uma tenaz. Tudo que ela faz é a vontade de sumir ganhar vida. Ela era uma construção de colunas de paradiguimas, do contrário, do exposto, do livramento. Longe de uma realidade apagada pelo suor da lida, do corte da cana de açúcar, das queimadas, tudo que ela tocava queimava.

Ela era o oposto do sono tranquilo.
O calabolço recém inaugurado.
A pedra certeira.
Uma floresta se erguia dentro do seu ser, mistériosa fundia realidade com ficção, seu rosto era a escrita, suas mãos a destruição!
[Ela era o meu veneno...]

"Jenuinamente" Margathmah!

5 de abril de 2011

Na medida dos olhos.

...Eu sei que me notavas ao redor do teu muro de pedras, do teu muro de argumentos.
 E me conduzia com tua visão, me media.
De lá de cima me avistava, ouvia as batidas do órgão que pulsa incansavelmente.
Percebeu-se então que eu demostrava interesse na dimensão das tuas piscadas, dos leitos que deslizavão sobre teus lábios, da boca que pedia um singelo beijo.
Era uma salvação tudo aquilo, o sagrado era característico do afago que demostravas através da captura, entre meu olhar e o teu olhar.
Uma digna e surpreendente maneira de começar o amor...

Monólogo das Mãos

Ela era o oposto do sono tranquilo. 
                                                         O calabolço recém inaugurado.
                                    A pedra certeira.

 

Uma floresta se erguia dentro do seu ser, mistériosa fundia realidade com ficção, seu rosto era a escrita, suas mãos a destruição!
 

[Ela era o meu veneno...]

4 de abril de 2011


O mundo pode não te notar, as pessoas podem permanecer frias ao teu redor.
O fôlego pode cessar, e não existir vocabulário em teus lábios.
Todavia eu ainda sou o teu tesouro, o ser presente, a tua esperança menina...

2 de abril de 2011

Vício:
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...Dependência intensa de ti, sem forças em mim.
Algema que prende pra valer, ferrolho que tranca sem querer, que aprisiona meu grito, sufocando a garganta.
Dando um tiro no peito!
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"Se disser que te amo, teu coração vai se orgulhar,

Por isso preferi que você notasse meu calor, minha presença... os meus traços"

...Quero um amor que seja escudo, protegendo-me da frieza, da distância acelerada e do ciúmes aparente.

O amigo pode até desafinar, mas em compensação compõe que é uma maravilha...

De fato o amigo é lenço, é água, é açúcar.

O amigo é cura sobre nossos ossos, na UTI da alma.

É cálcio, é proteína, é vitamina contra a fraqueza da mente.

O amigo é eterno.

Cada Passo - André e Tiago Arrais

Buscamos pelo novo. Buscamos pela necessidade aparente além da visão, exaltivamente buscamos palitos de dentes. Sujos, porém necessários.



O vivo é buscado pelo morto, a angustia é buscada pelo de coração nobre. Entusiasmado com o excesso de água no copo ele derrama tudo. Quem derrama? – A busca.


E a mão não freia, estupidamente aconselha, distrai com a chave na maçaneta, com o buraco na porta.


[...] Na verdade a vida busca sem razão de se buscar, se corre atrás do vento, procurando ansiosamente o “por que” e na seqüência, permanece o pó do giz escrito na lousa do cotidiano rotineiro, daí a vida se trava e de longe vaga pela trajetória, pela utopia da busca.


A busca é vaidade, um excesso de beleza impar, um relato no hoje que futuramente trará a ruga da borracha, e o extinto do vira-lata.


O que a busca realmente precisa é o encontro, é o suprimento de sua carência, o preenchimento dos focos, dos orifícios da atenção. O buscar por algo que realmente não encontramos gera frustração, pois é incerto no ponto de vista de não poder experimentar o realizável. E não se tem noção nenhuma de qual chão pisar.


Então a busca se deita, em sua rede, em casa do tédio. E espera, e cai no sono. Buscando o nada, a fatia de pão que não está na mesa.

1 de abril de 2011