20 de dezembro de 2011


Nota de esclarecimento:






Prezados leitores,


O Blog Eternus! estará passando por reformulações nos próximos meses, e desde já, contamos com a colaboração de todos. E também gostaria de informá-los que as novidades serão boas.


O Blog Eternus! deseja a todos, um final de ano excelente e um 2012 repleto de realizações!!!







Os Editores.

17 de dezembro de 2011


ALMAS PERFUMADAS



Foto de Regina Bentes

Ana Jácomo

Pra vó Edith

Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende a ver.

Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas, pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.

Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.

Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro.

Costumo dizer que algumas almas são perfumadas, porque acredito que os sentimentos também têm cheiro e tocam todas as coisas com os seus dedos de energia. Minha avó era alguém assim. Ela perfumou muitas vidas com sua luz e suas cores. A minha, foi uma delas. E o perfume era tão gostoso, tão branco, tão delicado, que ela mudou de frasco, mas ele continua vivo no coração de tudo o que ela amou. E tudo o que eu amar vai encontrar, de alguma forma, os vestígios desse perfume de Deus, que, numa temporada, se vestiu de Edith, para me falar de amor.

9 de dezembro de 2011




Já me disseram que com poeira não se constrói absolutamente nada, e esse nada é um puro vazio existente em nossas mentes. O que eu quero dizer em tudo isso, eu não prometo ser o calor, a minha meta é ser o refrigério alucinante e frenético que norteia os pensamentos mais intensos, o que enxuga o suor do apego.  Tem gente que fala demais, cospe palavras de mais e isso me cansa de forma precisa – eu me escondo desses seres falantes e mesquinhos.
Já, eu, pretendo alcançar a fala suave, a escrita lenta e sem falar na melodia que mexe com os pés da gente, e trás aquela sensação: Como é bom está aqui... Já descalço e sem roupas, apenas eu e a matéria nos juntamos e conversamos por longas horas, por que tem horas que realmente a boca que falar e a boca precisa loucamente cuspir as letras, as diviníssimas palavras. O que eu não entendo é por que precisamos chegar a esse ponto de partida desnecessário e torturante? A única e suficiente certeza que sei é que, o silêncio é a casa de todos os que buscam respostas, absolutamente quem formar fila para obter um texto pronto.  Eu tenho pena de mim, pena daquele que espera, a espera é espinho na carne, e a carne é a vaidade da matéria – o orgulho da consumação do desejo.
Procuro obter uma imensidão de conversas ao meu lado para não me sentir sozinho. Convidar as conversas passadas para um chá não é uma má ideia, é uma salvação necessária e honrosa. Ter um punhado de “blá-blá-blá” ao nosso lado nos faz esquecer quem realmente nós somos – nos mascaramos por completo...

8 de dezembro de 2011

...e chove dentro da minha espera.

A inundação é inevitável, porém o meu respirar é de liberdade!

Dessa forma durmo tranquilo...


6 de dezembro de 2011

Natiruts - Leve Com Você

Conta pra mim

Foto de Regina Bentes

Ana Jácomo

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.

Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.

Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.

1 de dezembro de 2011




...Ela dormia do lado do universo, e as estrelas velavam por seu sono tranquilo... Diziam entre elas, a majestade é o princípio da origem do começo, e seu despertar é um privilégio.