24 de janeiro de 2012

Vibrações...











"Não saberia me dizer se a pulsação do coração seria afetada e nem ao menos seria meia duzia de repetições reprimidas. O que cabia  fazer, de certa forma eu fiz, e em um fio cortado as direções me explicam cada sufocamento, já que em enumeras vezes a razão se precipitou fora de mim, um certo jogo de azar, cartas jogada ao vento, no alento do repouso satisfatório. 
A pulsação se derretia em vibrações, não é que eu tinha que esculpir minha vontade, aliás, eu sei pelo incansável repouso da memória, e sim, pela covardia de minha atitude, já contingentes em meus rios.
Não saberia te anexar em minhas curvas. É muito difícil o meu elo quebrar, somos o fato do amanhã já vivo no presente, uma espécie de barragem indestrutível que se transforma constantemente."










Foto: Juliana Alvim/ Flickr.com

Sobre 'a ponte' e a história de Maria, quando ela não mais quis ir com as outras.


Por: Dan Novachi



E não é que sentisse-se melhor do que os outros, não! Isto jamais lhe ocorrera. A questão toda era a incapacidade de ser compreendido, inclusive pelo senso comum que enxergava de si mesmo, que jamais permitir-lhe-ia entender-se. Todos ali, tentando desesperadamente encaixar-se, como se em um quebra-cabeças as peças adjacentes devessem ser jogadas fora... Marchavam, como em tempos de guerra, onde a própria marcha seria uma guerra mortal, se preciso contra si mesmos, para que pudessem ser reconhecidos como soldados do having fun.

Fugi ao exército, perdoem-me! 'Oh, eu também pensava assim e veja bem, estava errado!'- disseram-me. Assim como? pergunto. Jamais expliquei, aliás, pré-conceberam-me, como sempre o fazem. E ainda acusam-me: "Sente-se melhor do que todos, é isto!"; "Veja bem, sei que estou errada e sei que isto me destrói, mas olhe, faço isso conscientemente!" - outrora também me disseram. Seria isto suicídio, então?! Não, são adultos, ah e, bem, estão em uma nice. Lógica estranha, já que para mim apenas reitera a ideia do suicídio.

E ainda que músicas ou leituras ou comédias ou dramas, não mais me bastem, bem, ainda assim eu não escolheria jogar-me de uma ponte, como todos estavam (estão) fazendo, eu saberia que a ponte continuaria. Por Deus, eu tento convencer-me dia após dia sobre a possibilidade de continuação da ponte, que todos dizem-me inexistente, sendo que nem mesmo eles a viram. Seria como desmentir os céus! E por que tentam me convencer sobre aquilo que nem eles mesmos tem alguma certeza? Deixem-me acreditar no que me fizer bem. ponto.

Finalmente, perguntando-me certa vez sobre os motivos da busca incessante por meu eu 'original', lembrei-me de uma história, lida na escola, em aulas de redação da professora Estela (estrela), quando ainda criança: 'Maria Vai com As Outras', de Sylvia Orthof; onde a personagem, a ovelha Maria, seguia o comportamento de todas aquelas do seu clã, reproduzindo ações detestáveis, as quais não lhe traziam orgulho ou qualquer bem. Ao fim, quando todas as ovelhas começam a pular de um penhasco e se machucam, Maria decide pela independência, sendo livre, ao que memoro a frase salvadora: ' Então Maria gritou: mé! e decidiu ir para onde caminhar seu pé.' . Sim Maria, eu decidi também, ainda naquele dia.

Irei para onde caminhar meu pé, peço lhes apenas o respeito. Grato.