19 de março de 2017

Sobre o novo

...paramos para observar o movimento da vida e as paisagens incomuns que ela nos traz – pontos de conexão e atos gratuitos que nos presenteiam, uma legenda anônima que traduz o que esperamos e para onde vamos...

28 de fevereiro de 2017

Terminal sépia

Intriga-me o término das “coisas”, a evolução dos processos e a correria dos pés.
O distanciamento das embarcações, as milhões de ondulações das águas, esse estilo de movimento que acontece escondido nos instantes, no salpicar dos gestos, na aderência dos abraços.
A rapidez do término é assustadora... não eleva em consideração o tempo dedicado, suga as escolhas com força, canudo na boca da desesperança.
O movimento que se iniciou em uma das mãos se finda na outra, o pôr do sol alaranjado é apenas o traço de vários quereres, de vários desejos, de várias expectativas.
No terminal há uma pausa fúnebre e tênue, a presença dos numerais são os brincos que referenciam a memória que se esquece dos pontos que se iniciam e se partem, o murmúrio das vozes que conversam, sem cessar, no final é coagulante, visceral.

A saudade pertence ao terminal sépia, o terminal tipográfico curvado na lousa dos ensinamentos...

Afluente criativo.

Deparei-me com aquilo que não existia, o ar era simples com rabiscos claros, a montanha vista de cima me dizia frases sem sentidos, um dialeto refeito, porém sem leitura.

Dos braços de rios que nutriam o afluente criava-se a vitória régia, gotejante... gigante...viva. 

Os pássaros me ajudavam a compreender a liberdade, o frio na barriga me pôs em alerta, e instantaneamente parei, livre na natureza, sem tempo ou estações.

Apreciei as cores do existir, aquilo que a existência fez.


Das penas das aves os peixes saiam, sem a presença de água. A sincronização das coisas me deixava sem ação, predestinado talvez a só observar.

18 de fevereiro de 2017

Lendo o outro.

Calmo, líquido e sinestésico, ele buscava o silêncio das coisas. Tinha alguma razão para procurar o repouso.
Calado como sempre, ninguém o interpretava, conseguir alguma coisa dele não era fácil.
Rápido no olhar, e com ligeireza nas pálpebras  lia as pessoas, nos gestos, nas intensões, no verbo.