28 de outubro de 2010

Relato em uma UTI

...Para morrer basta está vivo...

O caminho é tão longo. O sol está tão quente, e a sede nos lábios seca o interior suado e fadigado por tal castigo. Neste caminho lembrei do tempo do sorriso, das brincadeiras do tamanho de criança, dos duelos do carinho e da velha esquecida canção de amar. Olho para o campo a frente vejo um palco erguido em meio ao vale sem vida e desértico, notei o som das guitarras, mas não havia músicos, nem a presença de um PopStar no tosco palco montado no nada, nem da multidão enlouquecida freneticamente. Apenas o meu corpo cansado e com sede. Apenas entre EU e o palco, o som. cheguei mais perto. Vivo eram os sons das guitarras e dos solos com passadas rápidas, de tão intensa que era a melodia, os meus pés se abalaram. Abalaram as cortinas de minha memória de curto prazo. Estremeceram minhas cadeias. Os solos de guitarra tinha o poder de libertar o coração algemado pelo medo de pular de paraquedas, os solos geravam adrenalina que corriam pelas veias da atitude precipitada, causando alívio instantâneo sobre a causa do aflito, que no caso era EU.
Mais uma vez deparei-me sem relógio, perdido no tempo. Naquele exato momento estava por um fio. Vi a tesoura. Alguém queria cortar. Alguém tinha autoridade o suficiente para romper o fio, porém não foi me dado o direito de olhar para sua face, mas de uma coisa EU tinha certeza, se o fio fosse cortado, minha vida também chegaria ao fim. Naquela hora decisiva de minha vida, a única riqueza que EU almejava e foi me negado era um simples copo de água. Um copo de água seria o bastante para neutralizar a secura dos lábios e o clamor sequíssimo da divisão da alma e do espírito.
O caminho é muito longo! A música é muito intensa! Os meus pés estão sobre o vale da sombra da morte. O meu corpo está cansado! O meu corpo está esperando! A minha única esperança está depositada em um copo de água. Eu quero a bendita água. Socorro!!! Eu quero água, as guitarras não param de tocar, tento colocar as mão no ouvido, pois alguém aumentou o volume, estou ficando surdo. O caminho é muito longo, os meus olhos dizem para mim.

S-I-L-Ê-N-C-I-O...



“Em 21 de Abril de 1976 na UTI de um importante hospital de São Paulo, o coração de um grande astro do Rock para de bater, os aparelhos indicam falecimento múltiplos dos órgãos. O corpo falece, sozinho, sem amigos, sem familiares. Sua única companhia está ao lado, um copo de água que ele não conseguiu beber.”

Tua Presença Satisfaz - Nivea Soares

27 de outubro de 2010

Um ser mutável

-Somos um Povo de Raça, e de Fé. - Ferber, Ludmila.



Não somos iguais e nunca seremos, caminhamos e basta um pousar de um pássaro com cores diferenciadas e de plumagem sem igual que nos distraímos, e como uma melodia pausamos o andamento da canção. Mudamos de mais, erramos demais, julgamos demais e o que aprendemos, não passa de farrapos, essa é a verdade, absoluta verdade.
Esquecemos que nos fragmentos insignificantes é gerado o momento marcante, que trás alegria ao olhar e ao coração saltitante, e pulamos pra fora nos agarrando ao arrogante e esnobe, perdendo a inocência infantil lançando-nos ao adulto, e pelo fato de sermos adulto perdemos a capacidade de crer no imaginável, nos sonhos impossíveis que só cabe na nossa pequena cabeça de criança.
Queremos calor, queremos frio, queremos o inatingível, queremos o palpável, queremos tanta coisa.
Ser rico, ter carros, ter muito dinheiro, fama, negócios, palestras, consumir... consumir e consumir;
Eu mudo com o passar do tempo, você que ler muda da mesma forma, não se culpe por isso, nós seres humanos fomos moldados desse jeito imperfeito de ser, e por mais que lutamos contra isso nunca, nem em milhares de anos seremos perfeitos! Nunca! Jamais!
Somos seres em constante aprendizado, há dias em que se ama mais, há outros que odiamos exageradamente; guerra, paz, doença, saúde, nada está nivelado, nada está certo, há uma confusão de pontos de vista, do verdadeiro, do errôneo. Observamos que nada está bom para nós mesmos que concluímos que somos melhores, que temos mais poder e autoridade sobre o indefeso, e sobre o ser humilde que precisa de ajuda para tomar suas próprias decisões.
Que tolice pensarmos dessa forma, não somos nada, não temos nada, tudo é passageiro, momentâneo, mutável. Até quando vamos cair no mesmo erro? Até quando vamos dar voltas no mesmo lugar? Pare de ser besta, ridículo, ser mutável, ser que veio do pó, do nada, ser que veio do chão, do vale da criação. Quando você der por conta será tarde demais, perderá o amor, perderá a capacidade de enxugar a lágrima do que chora oceanos, o teu ouvido jamais ouvirá a real necessidade do coração esquecido no abandono, da voz que grita pelos morros, nas favelas.
Sabe de uma coisa? É bom mesmo que temos que passar pela fase imperfeita, quem sabe aprendemos que dividir o pão com o corrupto aumentará a impunidade e fará cega a justiça da viúva e do órfão. Nem que fossemos punidos com cem chibatadas como e feito em países Islâmicos mudaremos. Nem que Tsumanis invadam nossos litorais mudaremos para melhor, permaneceremos cruéis com nós mesmos. Mais aqui vai um apelo...

Lute para que o cenário mude, avance para que as conquistas de espírito nobre triunfem sobre o egoísmo acelerado, marche rumo à mudança, pois somos Brasileiros, filhos de Deus e não desistimos Nunca.
Continue sua mudança! Ser de alma mutável!


25 de outubro de 2010

Espontâneamente...

Ver o teu sorriso, o cruzar dos teus braços...
Pegar o teu carro e me leva pra longe, rumo ao mar.
Não devolverei a tua chave, ela me pertence... a minha vida te pertence!

23 de outubro de 2010

O último beijo!

O rosto acaba de desgrudar do travesseiro, da noite mal dormida, das lágrimas da partida.
O corpo que vem do barro está cansado, e pensativo afirma que a melhor escolha foi ter se desligado do coração sob o qual ele amava muito, e tão seguro se apoiou em frases já vividas e terminantemente exploradas pelo argumento de amar sem medidas.
A mente apenas rastreia vestígios do gosto deixado na boca, da imagem raizada na divisão da alma, no lugar que só a gente sabe onde encontrar tesouros significativos que nos deixam realizados.
O monitoramento da mente continua, não se omite, não vacila, não perde o foco, a visão!
E lembra-se do beijo passageiro, ou melhor do ultimo beijo, sem gosto, sem prazer, sem vontade, e admite que era melhor não ter acontecido nada entre os dois lábios.
O último beijo não explica nada.
Beijo sem ação, sem entrega, beijo sem sabor!
Beijo com veneno, sem antídoto, sem cura.
Beijo da víbora, do trauma, da negação, da sincronização falha, do olhar obscuro do medo, do pavor!
O ultimo beijo deveria ser amaldiçoado, maldito, por que nunca mais teremos de volta, nunca mais os lábios se encontrarão novamente.
A despedida é fatal, sem sombra de dúvidas, mortal o bastante para caminhar rumo à morte.
Por isso eu digo...
Aproveite o beijo presente, o beijo sem mágoa.
Aproveite o calor intenso do beijo apaixonado, que reflete entrega, que absorve o prazer do querer e do realizar,
beije mesmo!
Com carinho, com exatidão, com vontade.
Ame o beijo sem vergonha, o beijo camarada, o beijo companheiro, o beijo rápido, o beijo sem ar.
Sabe de uma coisa, continuarei tentando encontrar o beijo certo. E fugirei do último beijo.
E quem sabe as ondas me levem rumo ao beijo do amor sincero!

19 de outubro de 2010

tudo pra mim...

Bolo, brigadeiro, cocada, doce de leite, pé de moleque, sorvete de chocolate, pão de mel, hot dog, profiterolis, bolinho de chuva, pão doce, Romeu e Julieta, beijinho, brigadeiro, refrigerantes, sucos diversos, bicho de pé, bala de coco, geleia, compotas, doce de figo, doce de abóbora, raspadinha, gelinho, prestígio, bombons, língua de sogra, nutella, ferrero rocher, cacau show, teta de nega, Maria mole, suspiro, dadinho...


Um mundo de doce só pra mim...
Você tbm quer?

18 de outubro de 2010

Há uma canção.

Depois das Grandes tempestades, depois, bem depois das aflições passageiras.
Depois do luar tristonho, depois do tropeço e algema, depois da guerra, depois da dor...

Ouço melodias... pura... suave, que dizia assim...


"O meu alívio te dou... a minha vida te dou
Te remi, filho meu. Filho da Virgem. Filho da estéril
Te amarei sem medidas, sem reservas.
Alegrai - vos, Oh campos!
Exultem ondas grandiosas, e sabei que amo a criatura gerada em dor.
Que amo o desamparado,
Que amo a viúva.
não os deixarei sem refúgio, sem amparo
Sou o teu amor, tua canção!
Dorme em paz..."

16 de outubro de 2010

Conexão!

 se Conecte.
É preciso queimar o dedo pra sentir a queimadura.
Apenas um mergulho é suficiente para se afogar de vez.
Se distrair poderá ser fatal!
Não adianta se esconder da bala perdida, ela atinge o rico, o pobre.
Quem garante que você nunca terá câncer?
Uma dose de ciumes no copo do relacionamento, pode causar um estrago extraordinário.
Abra os olhos, alguém pode está te roubando agora.
Tem um furo no bolso da calça, só pra avisar.
O olhar alheio e cobiçoso, está em sua direção.
Respire.
Se conecte.
WiFi.
Sistema.
Tecnologia avançada - poderá contribuir para decadência do mundo.
Suor excessivo.
estresse Acelerado ao extremo.
Conta bancária no 0,00
As dívidas serão as visitas futuras- afinal elas não precisam de cafézinho...
Crianças!
Pagamentos.
Risco e mais riscos, listas interminavéis de ações cotidianas desaguadas nos mares da nossa mente.
Será que vamos chegar ao 100 anos seguindo este ritmo?
dessa fez respire fundo.
Tudo tem o seu tempo.
Todo tempo tem um tempo predestinado.
caia no trampolim.
se distraia.
Sorria.
Abrace mesmo, sem reservas
caminhe novamente.
exorcize seus demônios interiores, e se deleite na rede da prosperidade alcançada.
descanse.
Pense antes de agir.
Lute.
faça uma prece ao invisível...
se conecte.


 



Apenas cansado.

Sabe de uma coisa, o barulho é essencial para que eu continue seguro.
Para que eu desperte do sono incomum, do atrito das pedras do desânimo, da correria superficial estampada na rua do passatempo cansativo.
Sabe de uma coisa eu cansei de muita coisa, dos pensamentos fora de hora, da brigas e questionamentos sem propósitos, me cansei do sorriso passageiro, da folga dos dedos que se estalam com a ansiedade.
Me cansei do abraço de 1min., do beijo de 2min e 30 seg. me cansei das paradas dos ônibus que não chegam a lugar algum. Cansado estou da espera demorada, da promessa à longo prazo, das conversas sem ritmo, da batidinha camarada no ombro exaltivo e preguisoço.

Quero. Posso. Tenho que ter um verdadeiro amigo, aquele que chega na hora marcada, que espera com sono a gente chegar, que faz um diálogo perfeito com a lágrima triste e passageira.

Amigo preciso que venhas me ouvir de maneira simples, que abrace minha solidão e me dê a dose certa de encorajamento necessário para produzir em mim os anticorpos da Coragem eficaz. Que venhas sem demora capturar meus traumas, minhas desilusões, que afogue em teu poço a vergonha viva dentro de mim.
espero que venhas para que minha personalidade não se canse, não se fadigue, não se esgote. Que faça cair sobre meus olhos o teu cuidado, e sobre o lençol do meu ser o teu corpo agradecido envolto em luz, dissipando minhas trevas.

Espero por ti.
A minha alma grita por ti, pelo teu nome, pelo teu amor. 
Que venhas sem demora, pois cansado estou.

15 de outubro de 2010

Um passo, outro passo.
já sei que é você tá! não vai conseguir me assustar.
Já que está aqui pode me ajudar a arrumar meu quarto interior, olha só, tá uma bagunça que só vendo.
Não precisa fazer essa cara, você também é responsável por isso...
Então  mãos à obra, arregaça a camisa, vamos começar:

Pegue as roupas que estão sujas com a mágoa.
Arrume a cama suada com a preocupação
O travesseiro está molhado de lágrima, temos que colocá-lo lá fora, o sol da atitude irá seca-lo.
Os cobertores da paciência, você pode coloca no guarda-roupa do sorriso perfeito.
Estas meias precisam ficar de molho no alvejante da consciência tranquila.
Vou pegar a vassoura da razão acolhedora, já volto.

Se for ver, vai demorar pra arrumar tudo, organizar tudo, mas ainda bem que tenho você pra me ajudar...
pode ficar aqui, tudo está apenas começando.
Comunidade da Brasilândia - 20/05/2009


"Já aprendi tudo que minha cabeça pode aprender,
já subir mais alto que eu pude. já escalei as montanhas mais altas.
já me joguei uma poça de lama e também já brinquei na chuva.
já me diverti com meus brinquedos e com minha fantasia de pirata.
já roubei docinhos na festa, já gritei o nome da mamãe quando estava com medo."



Escrito por Maria Clara, 09 anos.

14 de outubro de 2010

A história das coisas

Cadeira de rodas.

O angustiado não se move.
Não tem pra quem se dirigir, apenas olha, apenas espera,
Se esconde da necessidade aparente, da luta constante do preconceito com a razão.
Perde o que ainda não conseguiu.
Vasculha o lixo da mente do condenado, se admira pois ainda há um fragmento de fé.

Ele está aprisionado na cadeira de rodas, a doença é sua algema, seu martírio, sua vergonha.
À beira das águas, espera seu refúgio, o milagre, a compaixão.
 Iludido pela enganação alheia, perde-se tempo com estórinhas pra boi dormir, perde-se tempo ainda acreditando na língua que profere mentira, que exala malícia, que escore maldade.
As trevas são suas nuvens. A única certeza de recuperação, ele espera, ele chora.


O caminho do angustiado é repleto de armadilhas silenciosas que buscam tragar-lhe a alma.
Que ingere o alimento dos ossos, sem se desviar dos seus planos maléficos, que trazem dor, e rasga o interior falido e esgotado de tanto pensar no futuro, no vindouro, no longe, no absurdo!
Ele não consegue caminhar, se afundou nas drogas, no tráfico, na bala perdida, no morro. 
Entre os barracos de madeira, nas ladeiras, nas encostas, onde se chover desaba, é o seu alicerce
a pequena chance de escapar da sociedade, da novela, do sonho de Cinderela, o barraco desaba, o sonho acaba, ele não anda, não corre... apenas está preso na cadeira de rodas da indiferença!
Do calabouço perpétuo, do olhar dos poderosos.





13 de outubro de 2010

"A minha parte que te ama chora por ti
Espera viver em ti
O fragmento do meu ser ficará em tua memória...
Não chores...
Saiba que um dia eu te amei."
Se for ver
Nada faz sentido,
                  Nada importa agora.
                                 Estou só,
                                             Sem alimento, Sem você amor...


Sem Nós!
                                                            
Tome este lenço... eu não quero te ver chorar
Tenho um pedido,
Não diga nada,
Apenas me abrace...
O teu calor falará mais alto.
Cala a Boca! Ingrata!
Vc não sabe Viver!

9 de outubro de 2010

Não Faz Sentido! - Pressa, Correria, Fila, AAAAAH

Desejos.

Dá-me ouvidos, sinceros, atencioso para ouvir a procura do coração que espera alguém chegar.
Despertá-me, absolutamente sem reservas, rumo ao peito desprotegido e cansado.
Deixe-me dizer, tudo tudo que sei, para que minha voz seja diálogo contínuo, entre meu querer e o seu ficar.
Dá-me, o calor do teu abraço, anseio cheirar os teus cabelos, sentir a fragrância da alegria, do sorriso tímido.
Esconda-me em teu cobertor, pois o frio é atormentador sobre meu corpo.
Refrigera-me, em meus lábios á secura o bastante, a necessidade precisa te beijar.
As folhas estão caindo, uma à uma. O tempo passa né!
As feridas se catrizam, e o que ficam são marcas. Eu não quero marcas em mim.
Os ferrolhos se destrancam, a porta se abre. É necessário passar para o outro lado.
agulhadas ajudam o tecido rasgado a se juntar novamente, porém é notório que já houve som de corte em suas fibras.
Caminho, paro, penso... Muita coisa é Ilusão!

8 de outubro de 2010

Tudo o que se ama é doloroso.
                                              Tudo que se acredita pode tornar-se real.
                       Tudo que se planeja pode conter fragmentos do futuro.
Pego o que não quero, logo me arrependo
Corro e me canso logo em seguida
subo e caio de uma altura significante
Alimento-me, sinto fome dilacerante
Procuro, devo ter perdido
Admiro, o coração acelera
 Reclamo, aprendo com os erros
Sonho, realizo à longo prazo
Digo, falo incessantemente
Escondo, perdi o vontade de encontrar
Escuro, meu quarto é esconderijo
Amo, estou à procura
Acredito, um passo ao aceitável
medito, caio em si, tudo vira um carrossel.

6 de outubro de 2010

Eu e Jerry - Uma história para dormir.

Depois de um longo período de inverno e trevas, eu consigo ouvir uma nova canção, uma melodia de flautas e acordes limpos que trás consolo ao coração desamparado. Ouço no ar sons de vozes, uma divisão perfeita de naipes, Jerry avistou um ser semelhante à luz pura, viu que de cada passo que ele dava saiam notas musicais. Não tivemos medo. Eu permaneci intacto no meu lugar. Quando o ser de luz se aproximou de mim, sem sombra de dúvidas vi que era um Rei, havia bondade em seu olhar, suas mãos transmitiam a calmaria dos mares, havia amor em seu sorriso.



O Império daquele Rei era magnífico e quem olhasse para a magnitude da grandeza dos portais, tinha a plena certeza que seu Reino jamais chegaria ao fim. Eu não estava sozinho, Jerry estava ao meu lado, não pronunciou nenhuma palavra si quer, apenas olhava e olhava, admirava os lírios no caminho rumo aos portais. A sensação de medo não existia, Eu e Jerry estávamos ansiosos para ver o que habitava atrás dos portais que mais há frente iríamos encontrar.


Depois de um período de andança, o Rei ia à frente e em seguida nós. O Rei de vestes de Linho fino parou e olhou para trás, olhou para nós, Eu e Jerry não sabíamos o que iria acontecer, o Rei então estendeu sua mão direita em nossa direção, ficamos surpreso com tal atitude real. Eu e Jerry respondemos imediatamente ao pedido do Rei, sem questioná-lo. Ele sorriu, de seu lábios saíram um frase:


-Meus Pequenos amigos!


-Por que Majestade? Perguntou Jerry entusiasmado.


-Vocês são duas crianças especiais – logo respondeu o Rei que se vestia de Linho fino e Luz.


Especiais, pois vocês não conheceram ainda a maldade, nem a aflição do coração, por isso terão que morar no palácio das Aventuranças – continuou o ilustre Rei.


Mas Jerry se lembrara de casa e de tia Marta que estava muito enferma, havia três dias.


Não podemos ficar, Majestade! - exclamou o pequeno ser.


Nossa tia Marta está muito doente – respondeu seu irmão mais alto – eles continuaram dizendo:


-É por isso que estamos aqui, tia Marta nos disse que o Sr. Cura qualquer doença e trás alegria ao coração triste.


Por favor Rei, cure nossa tia, ela é nossa mãe agora – com lágrimas nos olhos disseram os dois.


Aquele gesto incomodou e apertou o coração imortal do Nobre, o gesto simples de Eu e Jerry havia tocado o íntimo do Rei.


Por um momento o tempo parou, a brisa cessou, as notas musicais não soavam mais como antes. O Rei chorou! Pingos reluzentes molhavam a face do monarca. As crianças não entendia por que tal Rei chorava de soluçar, tiraram o bolso um lenço que tia Marta havia bordado com carinho e ofereceu ao imortal, naquele exato momento o simples tocou o puro, o real.


O Rei enxugando suas próprias lágrimas com o lenço ofertado e vendo que as crianças eram mais que especiais, mexeu em um dos bolsos do seu vestido e surpreendeu as crianças com um pequeno frasco de cristal, e contido no pequeno frasco um bálsamo suave.


-Pegue pequeno, e leve à sua tia Marta, vocês não precisam permanecer mais aqui, em minha presença, devem ir para casa – disse o Rei com o coração quebrantado e humilde.


O sorriso tomou conta da face dos pequenos Eu e Jerry, que de gratidão deram um grande abraço no Rei que se veste de Linho fino e que habita no Reino de Luz perpétua.


Eu e Jerry foram para casa, deram o bálsamo à tia Marta, que se recuperou de forma milagrosa, a alegria voltou à casa dos pequenos e o Rei nunca esqueceu das crianças que o fizeram chorar, no Reino de aventuranças essa história e contada até os dias de hoje...










Eu e Jerry.

1 de outubro de 2010

Necessidades... - O menino e o sorvete.


“A fome e o abandono estão empreguinados na face carente do ser desamparado, que faz do seu abrigo seguro as sarjetas e calçadas da Rua Barão de Itapetininga no centro de São Paulo.”



O pequeno ser está com medo - Lhes dão xingamento.
O pequeno ser está com fome - lhes dão chute.
O pequeno ser está com sede - Lhes dão água com desprezo.
O pequeno ser está sem abrigo – lhes dão o jornal de ontem pra que se cubra.

Saindo de um estabelecimento um rapaz com um sorvete na mão está distraído. A voz desprezada de um menino o segue entre a multidão. A voz esquecida lhe pede ajuda por três vezes.
- Tio se sobrar um pouco do sorvete deixa pra mim...
O rapaz estava com fone no ouvido e não escutou direito o que o menino dizia. Mesmo assim o ser desamparado desprovido de comida e abrigo insistiu. O menino vestido pelo sujo queria que sua necessidade fosse suprida, mas alguns passos e a voz tremula continuou a sussurrar:
-tio dá um pouco de sorvete...
O rapaz logo percebeu que estava sendo seguido pela voz do desprotegido, pela voz do órfão que só conheceu a mãe Rua para se proteger. O rapaz que acabara de comprar o sorvete e só tinha levado à boca apenas duas colheres, deu ao menino todo o seu precioso sorvete, que agradecido voltou ao cenário de agonia e medo perdido entre a multidão de corações de pedras.


Pra si pensar:
Será que alguém viu o gesto do rapaz?
Será que em meio à multidão do centro de São Paulo, alguém viu ou sentiu a fome do pequeno ser?
Quem poderá recompensar os dois?

A resposta terá se olharmos para o alto, para os céus. É de lá que vem a recompensa dos justos e de quem ouve a voz do necessitado.