25 de março de 2014

Do peito ao choro...




















Tinha-se uma parte de um prazer nada satisfatório. Corria-se uma corria em suas veias. Secreta e coagulante, perturbante e paralisante. Ventos, agonias, premeditações e paralelogramos de uma vertical criada por mim, e vivenciada pelos meus algozes misturados com pedaços do que sobrou dos meus amigos. Não procuro a angustia, nem tão pouco a ansiedade, o que me satisfaz é a melodia que ouço todas as vezes que penso em desistir, mas a pergunta deve está em sua cabeça agora? Porque não? De onde vens? Por onde cavalgou peregrino? Vou responder o que falo a todos, a canção e as notas finas que ouço reproduzem o calvário. O choro do pai. O desespero da mãe. O sangue do filho sobre o madeiro. Um resultado de amor digno e de marteladas em um orgulho primitivo e insensato. A canção do sacrifício sempre soou forte e interrogativo sobre meu peito, eu era indigno de aceitar tal gesto prudente, e misterioso que era me prendi no acreditar constantemente. A brisa fúnebre do jovem morto me intrigava com o passar dos compassos que a música seguia. Os céus não eram azuis, as águas dos mares se retearam em silêncios, as cortinas do destino se entrelaçaram com a tentativa de barra a ascensão do fôlego da raiz de Davi, a bandeira em seu terreno se azurrava à medida que os ventos a agitavam. A melodia percorria os gramados, se dedilhava sobre as harpas, nos gritos de uma multidão cega e corrompida pela cólera, respiração de assassinos sedentos por um gemido frio e preciso. As notas não sessaram, o piano contemporâneo seguia sua trajetória, era um passo atrás do outro, uma tempestuosidade. 



17 de janeiro de 2014

O Egoismo da Boca.





















De dentro da boca do grande sapo existia um mundo egoísta e só, era um mundo de encantos e maravilhas, porém de renúncias e sem volta.


12 de janeiro de 2014

Sobre o encontro, a verdadeira face e o misturar.







É por muito saber que é no encontro das águas que me misturo com a realidade predadora, e é por muito se doar que eu me perco constantemente em ingratidão devolutiva de gestos, mas profundamente me restauro, guardo um segredo eterno comigo.

Quem me conhece verdadeiramente sabe que o prendo em uma gaiola interior bem escondida sobre os véus dos meus conceitos mais instigantes, e por vezes ao contrário do que os outros dizem acabo não sendo eu mesmo, porque o meu verdadeiro semblante está enjaulado no escuro. 

"Sou aquele que caminha."

Por vezes ele grita bem alto, e tal liberação é de cortar a alma, mas o afogo no encontro das águas, as águas doce e salgada, e por um tempo ele adormece...

Calo-me por presa e pavor, coagula-se por um momento a expressão realística de uma bússola, e essa expressão suga o suor de minhas mãos e de meu paladar, torno-me uma textura que flui, um rabisco esfumaçado, e tão ensosso acabo por fazer parte do amarelado. 

Tenho presa da esperança, corro no deslizar dos líquidos, encontro-me na mistura, no sereno. 

Em tempo oportuno saberei ser o Amanhecer, saberei ser o destino.

Tenho tantas perguntas dentro de mim, sou o ponto da interrogação, o pó da borracha no papel que busca uma explicação gigantesca diante da pressionar dos dedos sobre o incorreto, você não sabe a dor que é corrigir o rabisco do outro, e nem se quer pergunta da  escolha em ser ou não ser uma borracha.