30 de outubro de 2012

Incandescente






























Ali, bem em ti, repousava minha fragrância, o cheiro dos teus cabelos encaracolados, da tua saudade predadora. O inconfundível néctar que produzia em meu lençol os teus gestos, o teu anonimato. Em nossa superfície um mistério incandescera nos fazendo perder os limites do tempo. Outrora, poderíamos navegar por horas, nos foi dado o direito de absorver o horizonte, de pintar as estrelas, de soprar no infinito. Éramos gente grande, gente sonhadora, pôr do sol incandescente. 


Fujo

























O risco que envolve nosso querer poucos compreendem, ou nunca, jamais vão entender de fato o que é que a nossa existência procura. Procuro como uma criança, busco o exagerado com muita velocidade, e o que esta a minha volta não entende, o que não me satisfaz me abraça, fujo de mim mesmo.



Tínhamos esse dom, essa vontade



























Peripécias foram introduzidas em nosso esperar, esculpida sem palpitar e de estalar não se tinha como resgatar o que confundimos hoje como o amor próprio, com as reticências que poderia neutralizar o que classificamos como possibilidades. Tua humilde forma de me tranquilizar, tua maneira contraditória de me repreender nos esclarecia dia após dia. E deitados em um praia do qualquer, fazíamos perguntas, questionávamos os feitos heroicos, as visões, as revelações de oráculos do tempo. Anjos. Ministradores da sala real. Lá do palácio dos Três Tronos brancos, onde tudo é sondado. Tínhamos esse dom, essa vontade. 



Nobreza negociável


























Confesso-me diante de tua nobreza, congratulo a áspera essência de um futuro premeditado, atraio de relance e me aproximo dos teus ventos pessoais, me aborreço por causa da teu reverbério infantil, dos caules de fazia de nossa amizade um flora negociável.



Rabiscos de uma liberdade afogada






























O risco de uma reviravolta tinha que ser bem reverberante e plasmável no entorno que sobressaía na nitidez exata, os raios do teu poente transfiguravam em uma face de vermelhidão, uns tinha a intenção de afogá-lo em mim, outros já tinha planos mais audaciosos, desenhos rabiscados como se assim fosse demostrar a liberdade propriamente dita.


No preparo do nosso nome






























Então, concluíamos que o sagrado é o repouso predileto, e a ausência do medo que procrastina a alma vivente, ser sagrado nos confessa com o proposital, faz com que o dialogo de nossa língua divulgue o bem, e a lanterna do nosso peito aberto ganhe aspectos de farol, sagrado meu, luz minha. O sagrado predestinado nos garante o reflexo aparente de que realmente nós somos, de quem seremos na eternidade, no berço do nascer de novo, no preparo do nosso nome, na estratégia do hoje na manhã do terceiro dia. 



25 de outubro de 2012

Aglomerado de redundâncias























Os reluzentes perpetuavam em meus comentários, os lábios se enchiam de satisfação, um aglomerado de redundâncias que provocavam minha cólera – o abrir de janelas vacilantes.
A brisa nutria teus cabelos encaracolados, o meu quarto era o nosso santuário, em promessa  jurei, em voto perpetuo me comprometi a velar sempre pelo teu sono, pela tua inocência. As paredes diziam que nosso  afeto era duradouro, e a essência jovial escrita nos vitrais, traduziam a minha esperança, meu respirar, meu anseio.



24 de outubro de 2012

Mistério do existir






















Isso ela já tinha pensado antes. Que o mundo era um mistério.  Um enigma. E que esse enigma tinha algo a ver com ela mesma. Mas agora – agora era mais do que apenas um pensamento. Agora era uma descoberta tão arrebatadora, que ela podia jurar que era isso.
Uma vaga sensação de simpatia por tudo o que existia também já lhe havia acometido antes. Algumas vezes era simplesmente o vinho a fonte desse sentimento. Mas ela nunca conseguiria se libertar totalmente da impressão de que era um ser arbitrário.
[...]
 Eu sou tudo o que existe. Sou o que apenas em momentos extremamente raros pode ser vivenciado como totalidade. Como uma pessoa.
Nesse momento, ali sentada, ela parecia personificar toda a realidade.
Acima das árvores, estrelas brilham como pontudos alfinetes espetados na noite. Sua luz se estende como fios esticados entre o céu e a terra. Dessa forma, parecem sustentar o universo.
[...]
Alguma coisa parece erguê-la do toco onde ela está sentada. Ela não se levanta por si mesma, mas sente seu corpo se erguer. De repente, algum impulso a eleva para o alto. Uma pressão debaixo dela.
Ela anda alguns passos. Mas não sente o próprio peso. Pois ela não é só ela mesma. É o solo também. E o solo é como uma perna dormente.
Ela tem a sensação ode caminhar sobre a água. Abaixo dela, o mar, e por todos os lados, o mar. Mas esse mar que ela sente sob seus pés, essa profundidade que a sustenta – é um mar, uma profundidade em si mesma.
Uma parte de seu eu parece sair de si – e ser absorvido por algo maior. Assim de alguma maneira, ela desaparece, não está mais aqui. Parece perder a sim mesma, como uma gota no mar, e não apenas uma gota.
Jenny não é mais. E ao mesmo tempo ela é o todo. Como uma gota no mar, e não apenas uma gota.



Trecho do conto O Diagnóstico/ Livro: O Pássaro Raro/ Autor: Jostein Gaarder - Ed. Cia das Letras, 2003.

18 de outubro de 2012

Profecias que sangram
































...às vezes a gente consegue ouvir os gritos de desespero misturados com uma massa homogênea de ansiedade a procura de um sacramento sepultado que está pronto para o despertamento do sono do luto.
E esse resgate é necessário para cumprir profecias do teu amor, do derramar de sentimentos, do incrível...



8 de outubro de 2012

Suor vagaroso



















A suadeira de tuas mãos representava um insegurança predestinada, vagarosa e singela...