27 de julho de 2010



Frutos, uma árvore,
dois seres, recém criados, juntos.
Uma vilã, a serpente, o diálogo.
A decisão!”

     Não posso, não devo, fugirei! Essa deveria ser a atitude do recém chegado casal do Jardim. O Artesão dos céus observava tudo, atento, discreto:

    -Qual será a resposta deles, diante da vilã? - O perigo rastejante ganhará? - A perniciosa criatura enganará? Pensava bondosamente o Artesão.

Na frente do casal uma pergunta, uma decisão: Obedecer ou sacrificar? Dar uma mordida ou esperar? Será que seu gosto é bom ou ruim? Espere um pouco, ouça, uma voz: Sábia. Astuta. Perversa. A malícia os rodeava, no cenário paradisíaco de uma árvore, no Jardim da Inocência. No interior do perigo rastejante, o desejo, o roubo, a morte, a destruição. Uma inveja tamanha cobriu o olhar da víbora , da serpente!
O casal estava apreensivo. Na mente uma interrogação: -Meus olhos se abrirão? -Serei conhecedor da realidade? -Serei igual ao Artesão?

   -Prove! Foi o que disse o perigo imortal, o inimigo.

Uma decisão, uma mordida, um fruto compartilhado entre si. Os dois condenados, envenenados pela voz da morte, do tropeço, da mentira, da víbora! Os olhos foram abertos. A nudez percebida, logo escondida pela vergonha, pelo olhar de ambos, a realidade. O fruto caído no solo, aos pés da árvore era a prova, a testemunha. No interior dos dois, pedaços ingeridos, agora fazem parte do ser, do casal.

   -Cadê o perigo rastejante, a voz de incentivo? - Cadê a testemunha, o resto do fruto? - Cadê a coragem, para contar o ocorrido ao Artesão?

A voz da criatura perniciosa desapareceu, o resto do fruto apodreceu. Ela fugiu, como sempre o fez, escondeu-se entre as folhagens do Jardim. O Artesão observava tudo, sabia de tudo, sua criação perfeita acabou de cair, uma lágrima rolou.

  -Eles deram ouvidos à voz errada! Disse o Artesão em seu íntimo.

Caíram, perderam o Jardim. A recompensa? O exílio, a prisão fora da perfeição. O castigo? Suor, esforço, dor, a morte. De longe se avistava eles, a vergonha os seguia, o que restou foram roupas improvisadas de peles... Apenas mortais distante do seu Criador.

   -Quem voltará ao Jardim da Inocência?

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