25 de março de 2014

Do peito ao choro...




















Tinha-se uma parte de um prazer nada satisfatório. Corria-se uma corria em suas veias. Secreta e coagulante, perturbante e paralisante. Ventos, agonias, premeditações e paralelogramos de uma vertical criada por mim, e vivenciada pelos meus algozes misturados com pedaços do que sobrou dos meus amigos. Não procuro a angustia, nem tão pouco a ansiedade, o que me satisfaz é a melodia que ouço todas as vezes que penso em desistir, mas a pergunta deve está em sua cabeça agora? Porque não? De onde vens? Por onde cavalgou peregrino? Vou responder o que falo a todos, a canção e as notas finas que ouço reproduzem o calvário. O choro do pai. O desespero da mãe. O sangue do filho sobre o madeiro. Um resultado de amor digno e de marteladas em um orgulho primitivo e insensato. A canção do sacrifício sempre soou forte e interrogativo sobre meu peito, eu era indigno de aceitar tal gesto prudente, e misterioso que era me prendi no acreditar constantemente. A brisa fúnebre do jovem morto me intrigava com o passar dos compassos que a música seguia. Os céus não eram azuis, as águas dos mares se retearam em silêncios, as cortinas do destino se entrelaçaram com a tentativa de barra a ascensão do fôlego da raiz de Davi, a bandeira em seu terreno se azurrava à medida que os ventos a agitavam. A melodia percorria os gramados, se dedilhava sobre as harpas, nos gritos de uma multidão cega e corrompida pela cólera, respiração de assassinos sedentos por um gemido frio e preciso. As notas não sessaram, o piano contemporâneo seguia sua trajetória, era um passo atrás do outro, uma tempestuosidade. 



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