30 de novembro de 2011
29 de novembro de 2011
A casa de todos.
Desde o início da existência, a vontade de se ter um abrigo
sempre foi emergente, e com zelo, apreciada pelo querer. E por isso o ser humano procura atentamente
um lugar pequeno para se guardar, uma caixa de fósforos que o deixe aquecido do
inverno da alma, do gelo matutino da ambição. E lutando contra todos, faz de
sua observação uma manta pra se cobrir, evitando a doença – o martírio.
Nessa morada particular o eu se refugia, retém-se no
resultado final – o ponto final é opcional, a vírgula precisa incansavelmente
está atenta para não furar o caminho, para que a frase não caia no abismo da incompreensão,
dos fatos deixados sem anestesia local, e por mais que tentem o fim é
inevitável. Não se tem uma medida exata dessa casa, sei apenas que dá pra guardar o corpo, o gole de água que a garganta implora.
Não é fácil achar a morada particular, essa procura é
cansativa, é preciso sentar no sofá das queixas e tomar um café, apenas um café
é solucionável, é pediátrico – tem haver com a capacidade de encontrar um
buraco pra se esconder, e se esconderijo fosse perpetuo, os fósseis teriam um
valor histórico incrível, seriamos o incalculável.
A casa de todos sempre foi um segredo pra mim. Dormir na
rede expressa a grandiosidade do sono simples, pois não há rebelião
satisfatória, e nem se quer uma fantasia medonha que usurpe essa simplicidade,
o sono tranquilo. Em conversa com a lua, não obtive respostas, lembrei-me então
que a lua não fala, ela apenas me observa de lá de cima, com ela não tem papo,
e se torna um verbo falido. É de fato obscuro na relação do imaginário com o racional,
e de vez em outra, procuro-me lactantemente o sabor da vida, a degustação da
sobrevivência, do irremediável.
Então, se aprende que cada um possui uma casa particular
para fugir das torturas do inesperado, do “toc-toc” na porta, do mostro do
armário. É de importância relevante que se julgue o grau de medo existente, e
em que organização ele pertence, vence-lo é honroso, é um trono nos aguardando,
um rabisco que vira desenho, um espinho deixado de lado.
E no final da existência cadê a vontade? Cadê o valor da
casa particular que muito nos custou à vida, e os momentos preciosos? A casa
particular de todos é uma cruz pesadíssima, é madeira, é sangue! Não se retém o
querer, pois de tanto se achar é que se perder, tanto que se quer se esconder,
de tanto chover é que se inunda, e de se tanto guardar nos acostumamos com o
escuro...
28 de novembro de 2011
Foi uma virada de páginas, um imediato e preciso olhar, uma
casa escondida, um cômodo só nosso. Lá o café era sempre quente...
A desesperança não era constante, o nosso alimento era a
prosa – o verso cantado ao pé do ouvido, onde as risadas nasciam e os lábios
amanhecem querem mais, era o que nos fazia sonhar – mais do prazer, bem mais do que fazer – o carinho a
dois.
No “sempre” há um aconchego compartilhado, há uma
avassaladora vontade de beliscar a tua pele morena, tua pele única.
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23 de novembro de 2011
saberia.
Poderia ser uma nuvem, o veneno mortífero, e principalmente
o conta-gotas da alma, e aliviaria teu ânimo dobre, e de fato salgaria teu
paladar, seria suficiente poesia concreta que desfragmentaria tua memória a
pleno vapor. Caracterizaria o teu pulmão, e não obstante cavaria um buraco
nele, eu saberia exatamente o que plantar. Saberia defini-lo sem prestígio que
a única atitude que nos aliançaria fosse à comunhão entre sua suprema e burocrática
inteligência, um fato social. A ligação dos fios já emaranhados causa uma
confusão inacreditável em minha forma de conduzir o céu sobre minha cabeça, e
eu não conduziria absolutamente nada ao ponto de exclamação vivo em minha visão
cansada e sonhadora. Usaria a anestesia para
dormir um pouco, pra refletir o correto a ser olhado – o que eu realmente
anseio é poder um pouco de nuvem e coloca-la em um frasco. Saberia que o
encontro do vidro com o ar seria inevitável.
É banco de praça, descanso pra alma cansada, e sem cerimônias
arrojada por escolhas. E escolhas na verdade são os furos em ponta de faca, na
ponta do agudo; agudo que entra sem pedir licença no ouvido, no lugar obscuro
da espiral latente que ouve tudo, que sente os sussurros serenos da noite
prazerosa. Escondo-me em minhas lembranças, pois eu sei que elas se vestem de
branco de linho fino.
Escondo-o na matriz das falas que não decifraram o teu
linguajar coloquial, estando eu na plenitude que escolhi viver foi-me gerado
uma fome muito grande, e ao mesmo tempo uma procura terrena incrível, pois há
pessoas que conhecem a postura dos santos muito bem, sabe de cor e salteado, porém
não sabem a essência da nuvem branca, nem colocam uma escada para alcança-la,
esquecem que a única e persuasiva caminhada é a que não temos obrigação
nenhuma, não temos uma gota de ação para transcrever o que o peito quer
anunciar, que alucinar ao outro.
Prefiro ser uma nuvem!
18 de novembro de 2011
Seria um anjo se pudesse.
A sensação era a mesma da invasão da agulha enquanto tirava
sangue, as enfermeiras perfuravam certeiras, a diferença é que era
permissivo. Os outros não se importavam tanto antes de invadir-lhe, eram
incisivos mesmo - não lhe permitiam que dissesse não. Era sempre sim,
sim, sim, SIM. Quase que em obrigação era pressuposto que ele havia
aceitado sua condição, condição desconhecida dele, mas que os outros
sempre reconheciam.
Pois que sua inocência era mentira: 'ninguém pode ser deste
modo!', pois que ele era ninguém, sempre fora, ainda que não lhe
permitissem. Era tão belo como um não em uma sala positiva, ainda
contrariando o poeta e a ordem, como sempre, na rebeldia que não era
heróica, era vilã. Se ao menos fosse vilão por inteiro, ainda existiria
certa cota de perdão, mas também não lhe era permitido - ' Imagine só?!
Idiotinha, mal?! Pudera!'. Acabava sendo nada, como sempre.
Se quer saber, a culpa também era dele. Não se bastava, nunca.
Ainda que obtivesse a maior sorte do mundo, do mundo, 'Oh, mas ainda
existiria o azar!' - então era incompleto. Os que não se bastam se
cavam, se corroem. 'Ao menos se fosse como os outros!' - sempre se
dizia, sempre lhe diziam. Estes outros intermináveis. Lhe restava certa
confiança no futuro, era bem verdade, confiança de que um dia iria acontecer, sim, acontecer.
Não eram poucas as vezes em que vira isso, as pessoas 'acontecem' o
tempo todo... Mas ainda era parte do 'não se bastar', e talvez se
corroesse novamente caso acontecesse de um dia acontecer.
Tomara Deus, algum dia os 'meio-termo' sejam permitidos, os
que não escolhem, os que não germinam, os que 'caem pela metade'. Seria
um anjo se pudesse, o anjo era o mínimo, era a essência. Essência não se
corrói, então seria completo, pleno. Seria um anjo se pudesse.
17 de novembro de 2011
O entusiasmo, a nitidez.
Não tinha o querer nitidez para sacrificar à inaudita permeabilidade
da carência, do vivido angustiando que desabrochou em rotina tempestiva. E de
agrado, achou melhor ser a maciez do carinho na pele morena e gélida da morte
serena. A mim você não engana, não evapora , nem se quer me compra, sou vivido
para neutralizar teu verbo fictício, tua lembrança mesquinha, já te absorvi e
cheguei à conclusão - meu baluarte é o vento frio. É devagar que se conhece o Gólgota,
e na subida do monte a consciência se regenera, se cria raiz onde não tem, uma
experiência é fundamental, e ao mesmo tempo em que caminhamos, ela se torna
fundamental nessa vivência, na nitidez dos dedos estalados. Achou de bom grado assegurar a fartura dos
teus seios, na pátria escolhida no ventre materno, uterino na magnificência das
roupas de linho fino e sem costura estilizada nos confins do teu universo
pessoal. O querer às vezes é necessário, é um cumplice de ações deslocadas, e
empurradas morro a baixo, pela chuva, pela tua lágrima no olhar. É tempestivo
demais, é sem saída o bastante, pois é casa da gente, um ambiente familiar, a
prisão fraterna da vergonha adquirida, porém não concluída em frases de cartas
antigas, e de papéis amarelados. O passado não mora mais aqui. É um endereço
findado em nostalgia, magia de viver melhor. Um cotidiano no querer, uma
fantasia no ocaso, na bacia de água limpa, o meu tempo nasceu.
"Odes"
- Tu ne quaesieris, scire nefas, quem mihi, quem tibi
- finem di dederint, Leuconoe, nec Babylonios
- temptaris numeros. ut melius, quidquid erit, pati.
- seu pluris hiemes seu tribuit Iuppiter ultimam,
- quae nunc oppositis debilitat pumicibus mare
- Tyrrhenum: sapias, vina liques et spatio brevi
- spem longam reseces. dum loquimur, fugerit invida
- aetas: carpe diem quam minimum credula postero.
- Tu não indagues (é ímpio saber) qual o fim que a mim e a ti os deuses
- tenham dado, Leuconoé, nem recorras aos números babilônicos. Tão
- melhor é suportar o que será! Quer Júpiter te haja concedido muitos
- invernos, quer seja o último o que agora debilita o mar Tirreno nas
- rochas contrapostas, que sejas sábia, coes os vinhos e, no espaço
- breve, cortes a longa esperança. Enquanto estamos falando, terá
- fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos confiada no de
- amanhã.
Poeta romano, Horácio.
16 de novembro de 2011
11 de novembro de 2011
Mineirinho
Mineirinho foi assassinado pela polícia do Rio em 1962. Segue o texto:
É, suponho que é em mim, como um
dos representantes do nós, que devo procurar por que está doendo a
morte de um facínora. E por que é que mais me adianta contar os treze
tiros que mataram Mineirinho do que os seus crimes. Perguntei a minha
cozinheira o que pensava sobre o assunto. Vi no seu rosto a pequena
convulsão de um conflito, o mal-estar de não entender o que se sente, o
de precisar trair sensações contraditórias por não saber como
harmonizá-las. Fatos irredutíveis, mas revolta irredutível também, a
violenta compaixão da revolta. Sentir-se dividido na própria
perplexidade diante de não poder esquecer que Mineirinho era perigoso e
já matara demais; e no entanto nós o queríamos vivo. A cozinheira se
fechou um pouco, vendo-me talvez como a justiça que se vinga. Com alguma
raiva de mim, que estava mexendo na sua alma, respondeu fria: “O que eu
sinto não serve para se dizer. Quem não sabe que Mineirinho era
criminoso? Mas tenho certeza de que ele se salvou e já entrou no céu”.
Respondi-lhe que “mais do que muita gente que não matou”.
Por que? No entanto a primeira lei, a que protege corpo e vida insubstituíveis, é a de que não matarás. Ela é a minha maior garantia: assim não me matam, porque eu não quero morrer, e assim não me deixam matar, porque ter matado será a escuridão para mim.
Esta é a lei. Mas há alguma coisa que, se me faz ouvir o primeiro e o segundo tiro com um alívio de segurança, no terceiro me deixa alerta, no quarto desassossegada, o quinto e o sexto me cobrem de vergonha, o sétimo e o oitavo eu ouço com o coração batendo de horror, no nono e no décimo minha boca está trêmula, no décimo primeiro digo em espanto o nome de Deus, no décimo segundo chamo meu irmão.
O décimo terceiro tiro me assassina — porque eu sou o outro. Porque eu quero ser o outro.
Essa justiça que vela meu sono, eu a repudio, humilhada por precisar dela. Enquanto isso durmo e falsamente me salvo. Nós, os sonsos essenciais.
Para que minha casa funcione, exijo de mim como primeiro dever que eu seja sonsa, que eu não exerça a minha revolta e o meu amor, guardados. Se eu não for sonsa, minha casa estremece. Eu devo ter esquecido que embaixo da casa está o terreno, o chão onde nova casa poderia ser erguida. Enquanto isso dormimos e falsamente nos salvamos.
Até que treze tiros nos acordam, e com horror digo tarde demais — vinte e oito anos depois que Mineirinho nasceu - que ao homem acuado, que a esse não nos matem. Porque sei que ele é o meu erro. E de uma vida inteira, por Deus, o que se salva às vezes é apenas o erro, e eu sei que não nos salvaremos enquanto nosso erro não nos for precioso. Meu erro é o meu espelho, onde vejo o que em silêncio eu fiz de um homem. Meu erro é o modo como vi a vida se abrir na sua carne e me espantei, e vi a matéria de vida, placenta e sangue, a lama viva.
Em Mineirinho se rebentou o meu modo de viver. Como não amá-lo, se ele viveu até o décimo-terceiro tiro o que eu dormia? Sua assustada violência. Sua violência inocente — não nas conseqüências, mas em si inocente como a de um filho de quem o pai não tomou conta.
Tudo o que nele foi violência é em nós furtivo, e um evita o olhar do outro para não corrermos o risco de nos entendermos. Para que a casa não estremeça.
A violência rebentada em Mineirinho que só outra mão de homem, a mão da esperança, pousando sobre sua cabeça aturdida e doente, poderia aplacar e fazer com que seus olhos surpreendidos se erguessem e enfim se enchessem de lágrimas. Só depois que um homem é encontrado inerte no chão, sem o gorro e sem os sapatos, vejo que esqueci de lhe ter dito: também eu.
Eu não quero esta casa. Quero uma justiça que tivesse dado chance a uma coisa pura e cheia de desamparo em Mineirinho — essa coisa que move montanhas e é a mesma que o fez gostar “feito doido” de uma mulher, e a mesma que o levou a passar por porta tão estreita que dilacera a nudez; é uma coisa que em nós é tão intensa e límpida como uma grama perigosa de radium, essa coisa é um grão de vida que se for pisado se transforma em algo ameaçador — em amor pisado; essa coisa, que em Mineirinho se tornou punhal, é a mesma que em mim faz com que eu dê água a outro homem, não porque eu tenha água, mas porque, também eu, sei o que é sede; e também eu, que não me perdi, experimentei a perdição.
A justiça prévia, essa não me envergonharia. Já era tempo de, com ironia ou não, sermos mais divinos; se adivinhamos o que seria a bondade de Deus é porque adivinhamos em nós a bondade, aquela que vê o homem antes de ele ser um doente do crime. Continuo, porém, esperando que Deus seja o pai, quando sei que um homem pode ser o pai de outro homem.
E continuo a morar na casa fraca. Essa casa, cuja porta protetora eu tranco tão bem, essa casa não resistirá à primeira ventania que fará voar pelos ares uma porta trancada. Mas ela está de pé, e Mineirinho viveu por mim a raiva, enquanto eu tive calma.
Foi fuzilado na sua força desorientada, enquanto um deus fabricado no último instante abençoa às pressas a minha maldade organizada e a minha justiça estupidificada: o que sustenta as paredes de minha casa é a certeza de que sempre me justificarei, meus amigos não me justificarão, mas meus inimigos que são os meus cúmplices, esses me cumprimentarão; o que me sustenta é saber que sempre fabricarei um deus à imagem do que eu precisar para dormir tranqüila e que outros furtivamente fingirão que estamos todos certos e que nada há a fazer.
Tudo isso, sim, pois somos os sonsos essenciais, baluartes de alguma coisa. E sobretudo procurar não entender.
Porque quem entende desorganiza. Há alguma coisa em nós que desorganizaria tudo — uma coisa que entende. Essa coisa que fica muda diante do homem sem o gorro e sem os sapatos, e para tê-los ele roubou e matou; e fica muda diante do São Jorge de ouro e diamantes. Essa alguma coisa muito séria em mim fica ainda mais séria diante do homem metralhado. Essa alguma coisa é o assassino em mim? Não, é desespero em nós. Feito doidos, nós o conhecemos, a esse homem morto onde a grama de radium se incendiara. Mas só feito doidos, e não como sonsos, o conhecemos. É como doido que entro pela vida que tantas vezes não tem porta, e como doido compreendo o que é perigoso compreender, e só como doido é que sinto o amor profundo, aquele que se confirma quando vejo que o radium se irradiará de qualquer modo, se não for pela confiança, pela esperança e pelo amor, então miseravelmente pela doente coragem de destruição. Se eu não fosse doido, eu seria oitocentos policiais com oitocentas metralhadoras, e esta seria a minha honorabilidade.
Até que viesse uma justiça um pouco mais doida. Uma que levasse em conta que todos temos que falar por um homem que se desesperou porque neste a fala humana já falhou, ele já é tão mudo que só o bruto grito desarticulado serve de sinalização.
Uma justiça prévia que se lembrasse de que nossa grande luta é a do medo, e que um homem que mata muito é porque teve muito medo. Sobretudo uma justiça que se olhasse a si própria, e que visse que nós todos, lama viva, somos escuros, e por isso nem mesmo a maldade de um homem pode ser entregue à maldade de outro homem: para que este não possa cometer livre e aprovadamente um crime de fuzilamento.
Uma
justiça que não se esqueça de que nós todos somos perigosos, e que na
hora em que o justiceiro mata, ele não está mais nos protegendo nem
querendo eliminar um criminoso, ele está cometendo o seu crime
particular, um longamente guardado. Na hora de matar um criminoso -
nesse instante está sendo morto um inocente. Não, não é que eu queira o
sublime, nem as coisas que foram se tornando as palavras que me fazem
dormir tranqüila, mistura de perdão, de caridade vaga, nós que nos
refugiamos no abstrato.
O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno.
9 de novembro de 2011
Clariceando
Clarice Lispector, eu sinto você ao meu lado, você me guia e me inspira. Você me entende.
Não sei mais quem sou, acho que nunca soube. Eu apenas vivo e respiro. Eu vivo de suspiros e relances. Minha mente vaga por um mundo só meu. O meu egoísmo é necessário para a minha sobrevivência. Aprendi a viver desta maneira, deste meu jeito que só eu me entendo, uma que somente eu compreendo. Eu estou pronto, pronto pro que der e vier, já vesti minha armadura e o meu veneno está bem preso, nunca escapará e ferirá ninguém. Um dia você aprende que eu mudo como o vento, e que para me entender você deve enxergar a minha alma no fundo dos meus olhos. Só cuidado pra não se perder, ela mostra também um reflexo da sua, um reflexo do seus defeitos, comparado ao meu imperfeito.
Às vezes dizem que eu me impressiono muito fácil com as coisas. Sim eu me impressiono mesmo, não só me impressiono como acredito e confio. Algo que eu aprendi desde criança foi sempre ver o melhor das coisas e acreditar, se eu acreditar eu tenho certeza que aquilo acontecerá, existirá. Talvez isso seja apenas uma forma de tirar o peso dos meus atos das minhas costas, talvez.
O que interessa é que eu levo a vida assim, aos tropeços e acertos, me agarrando em tudo o que julgo meramente forte, mas só por um momento, só até que eu me satisfaça. Vem sempre a primavera, e depois o verão, e as coisas todas mudam, eu também. As minhas cinzas se refazem sempre, e novamente e novamente. A inspiração me vem a mente e eu vou mudando, vou me adaptando a minha realidade, a metamorfose da minha própria vida. Ao menos a vida é minha, e de qualquer forma eu não machuco ninguém, ao menos não propositalmente, não consciente.
Minhas sinceras desculpas, expus o meu eu em carne viva por aqui, leia com cuidado.
4 de novembro de 2011
Fundi-me em circunstâncias incomuns, em ventos inodoros
capazes de secar meu interior adormecido pela procura inexistente. Algema
minha.
Um mergulho emergencial capaz de limpar completamente minha
corrente sanguínea, a raiz fundamental. Fôlego azul.
Vergonhosamente a
face contempla o existente, a ligação.
O útero preciso da imaginação, ao criar tua respiração, eu
existi, eu era a existência, eu era o caminho a seguir...
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