3 de dezembro de 2013
17 de outubro de 2013
Sobre aquele céu
O
acumulo depreciativo do favorável me surpreendia e me alcançava devagar e às
vezes me exprimia, pedaço por pedaço, eu ao certo não os via, mas tinha por mim
certo pressentimento que não viveria por muito tempo sobre aquele céu instável
e volumoso, em que os gestos e máscaras eram uma ferramenta de escape diante
dos outros.
Pérola aceitável
Com
calma a gente se retrata, e busca no pensamento um fato aceitável para que o
outro acorde de sua tempestuosidade e acredite no que foi esclarecido, mal
sabendo que era tudo uma pérola de ilusões.
Coagulação pecaminosa
Eu me
tornei a pulsação do teu coração, a coagulação sanguínea que fervia no proibido
de possuir o teu pecado.
2 de setembro de 2013
Declínio
Nutria-se
uma ideia proposital de capturar o semblante alheio do meigo, e tentar apagar
com o dedo a caricatura selvagem no vidro embaçado do vizinho. Uma audácia do
luar em algum lugar do existir. Um declínio exagerado das manifestações
folclóricas, e das cópias dos folhetins dos episódios passados se tornou uma
ameaça predestinada ao ventre fecundo da imaginação fabricante de sonhos ainda
não vividos.
O diagnóstico do livro
O seu coração sabia interpretar muito bem as
letras contidas no livro aberto da alma do outro, já se tinha em mente os
dizeres evaporados das promessas alquebradas do imediato, percorrido pelo
adestramento do fascínio fraudulento daquela manhã de cinzas sob o qual
gotejavas em minha fúria, e tudo aquilo não era obra da minha mente fértil, e
sim dos diagnósticos que redundavam em minha fagulha, em minha fogueira.
6 de agosto de 2013
Transparência das águas.
“Seu instinto
era de um felino, sua pele era revestida do universo, seus olhos refletiam a
transparências das águas, um ajuntamento de direções, sua vestimenta ordenada e
com aspecto da safira, em sua testa reinava a justiça, em sua coxa direita a
verdade; seu escudo era como o brilho da joia rara, seus pés eram de luz
imaculada.”
15 de julho de 2013
Os dois verbos.
Hoje sou um amador de mim mesmo, que ao contrário se adverte
com a própria fala, e com o número 22 conjuga os dois verbos ao mesmo tempo,
pois dentro de mim existe essa mistura de cores e diversidades que não consigo vivenciá-las
por completo, aí se explica o porquê de tanta oscilação abundante e a causa da
velocidade de ter o outro – ser o outro.
Opus #15
Dobra, se dobra.
Corre se discorre,
Viva, se vibra.
Chora se evapora,
Arrisca, se precisa.
Medonha, se toma.
Mentira se cansa,
Brinca se tropeça,
Vai, e relembre tudo ao seu tempo.
11 de julho de 2013
Tornai-o vento.
Convenientemente me dirijo ao
passatempo incorpóreo do ontem, revigoro-me das figuras coladas na parede, sou
eu mesmo. Falo sozinho. As palavras são cavadas no ar e isso me justifica e por
si só se tornaram testemunhal vívido do meu estado de espírito, e por esse
rompimento de dizeres, o café esfria, o silêncio se materializa na visão, ocultei-o
na intensão. A propósito pede, apenas peço que não me subestimes mais, já
retornei a ver a vida como ela é, e não preciso dos conselhos vãos e indecisos
que teces em tua forma de contemplar o amanhã, por isso sei que o saudoso
despertar, nos garante uma singela permissão de se encontrar com o fulgor
contido no corre-corre dos pés que não se omitem em correr na imensidão do
silêncio cretino e cara de pau. Permite-me assim, a ver o dia nascer de outra
forma, de um ângulo juntado com a espera de uma água fervida, do exalar do
aroma cafeeiro e rude de se estar certo – o que se passou não era digno de permanecer,
tornai-o vento.
25 de junho de 2013
Veias tempestivas.
A miséria clandestina dos pensamentos o angustiara por anos,
e em soluços os despiu de seus conhecimentos efervescentes, algo incomum
naqueles dias tempestivos. O que
admirava era o porquê de tudo aquilo, e isso ia de dó solitário que ele sentia
a pena involuntária que percorria em suas veias. As borboletas no estômago não eram
por uma nova paixão, e sim, pela indignação anônima que o sondava e que se
tornara uma perseguição doentia entre o vamos
realizar e o recomeçar de novo.
Páginas 12 e 22
A Língua se invoca
com a textura do ontem, e discorrer já era uma escolha que não tinha
muito haver com o presente, dessa forma se acostumou com o tudo demostrado
entre as páginas 12 e 22, segredos sob os quais eu nem ouço falar. A Língua se
torna misteriosa com o tempo, com os dias... Preocupo-me em olhar para ela, já
a encarrei por demais, e hoje, olhar para ela me custa muito, me explora muito. A Língua me entrelaça.
22 de junho de 2013
Referências do outro.
Por uma reviravolta pensativa
caminho na direção peculiar de todos os argumentos ao meu favor. O nu é
necessário para o suprimento de minhas fantasias, o toque nostálgico na pele
são as referências que preciso para ler o outro.
Do existir límpido.
(...) E depois de muito tempo a gente
renasce com uma força tamanha, as cinzas sofrem transformações e ganham cores
vivas e silenciosas, procuro em meu corpo as marcas do tempo, os arranhões das
desculpas e as dores da decepção – não as encontro mais. Misteriosamente do meu
corpo brota uma fonte límpida, sincera e coagulante. Percebo os tons de vida
que pronuncio dos lábios calados pela repreensão, e juro por mim mesmo, que os
céus serão a referência esmagadora de minhas atitudes flageladas, porém de
triunfal gesto subtraio das frases que perdi, as angustias que passei. Nos meus
resultados se encontram o existir.
21 de junho de 2013
A Fragrância do tenor.
O segredo minucioso optou em
demostrar sua sutileza nos atritos das cordas vocais do tenor sem vibrato, com
isso a instrumentalidade de ambos foi jogada à prova. Do que discorre não se
utiliza do ligeiro ato de se doar, porém a entrega de ambos é avassaladora,
pois as correntes que outrora os prendiam silenciosamente se escorregaram,
tornando-os livres por si só. Na penumbra não sabemos o que fazer. Esse
fazer nos direcionará ao acordo, ou a rendição do diálogo presunçoso. Bem que
eu disse a mim mesmo sobre as fantasias que flutuavam ao redor, nos mesmos ares
outonais de uma estação sufocante e passageira, então descobre-se que tudo era normal – discordei da tua fragrância.
19 de junho de 2013
Do silêncio necessário.
Preferiria a dormência de meu corpo
no sofá marrom aveludado de minha sala, e sem me entregar ao conteúdo cansativo
da televisão, procuro-me e enxergo-me nas páginas de um livro aberto no centro
do ambiente amarelado do presente, e desse entrosamento da visão com os verbos –
perco-me. O “tic-tac” do relógio
congela-se, tenho em mim o silêncio necessário para escapar do barulho covarde
que tenta penetrar em minha concentração, e nesse cenário a única coisa que desvia
meu olhar atento é o vapor tímido que flutua da xícara de chá que repousei ao
meu lado, e percebo que ela merece ser o meu único ícone apaixonante sob o qual
meus lábios irão experimentar de fato seu gosto, sua textura, seu aroma.
Sopro acalentador.
E sobre o cochilar de tuas
pálpebras o meu sopro acalentador anestesiava tua afeição infantil e desprotegida.
E imaculado que era, peguei-te pelo colo, a intenção que me vinha à mente eram
as mais nostálgicas possíveis – tudo aquilo era real.
O desfragmentar do gosto.
Em cada gole um protesto
interior. No primeiro e segundo a língua ferve, no oitavo e no nono o gosto se
desfragmenta, o interior se apaga. A lembrança da memória se torna atônita por
não saber em qual região tinha se perdido por completo o sono inquestionável do
cansaço predileto, mas por vezes inquieto por desvalorizar o que já viveu. É água,
é céu, é terra. Tudo junto e misturado como se não houvesse uma cicatrização
para barrar os sangramentos do que está indo camuflado, e ligeiramente
escondido nas páginas do prefácio cansativo e molhado pela saliva do sino e dos
ventos entregue de bandeja ao pacato sem vida e desértico.
Ventos azuis.
No decorrer da entrega as mãos
quentes e suadas interpretam bem o querer, elas sabem discernir as intensões
mais provocativas da intensão que visualiza as práticas, e aderem a suas formas
e tamanhos preservados. Algumas das quais eu não tenho princípios de interromper,
ou se quer de renunciá-las, de certo modo tenho tudo gravado nas paredes de
minha ignorância adormecida, e escandalizada pelas que foram jogadas pela
furiosa presença dos ventos azuis, que reinavam sobre minha temperança
acovarda.
17 de junho de 2013
O menino e o desencontro.
Tenho orgulho do mesmo, do sou e do eu. Do menino e suas apaixonantes
aventuras, do jeito inocente que se olhavam, e da maneira como o coração
pulsava, corria das veias do menino a vontade necessária para o abraço imaculado
de seres que precisavam ser o que deveriam ser, que deveriam repartir um com o
outro. Tudo se torna belo ao lado menino,
as águas festejam com sua chegada, os ventos aplaudem quando ele sorri, e se descobre
que o menino sou eu mesmo, ou pode ser o outro.
Tenho orgulho do mistério que ele é pra mim, do assobio das palavras tremulas e sem pontuação. Desconfio de mim, pois os segredos de emolduram na garganta do menino, congestionam e se precipitam dentro do meu peito, e venero o recostar do menino, aquele calor gerado do querer, leio na poesia e nas canções que o menino é meu. Engavetado, percorro com entusiasmo a frenética maneira de demostrar em tua afeição a procura de desfazer as frases que escrevi, programar nossas idas e vindas sem o relógio nos denunciar, encontro por vezes o menino sentado esperando a doação do outro, e nesse desencontro carbonizo a acidez da fala sem conteúdo, e gesticulo milhares de vezes, pois preciso da atenção de mim mesmo. O menino se torna existencial em mim.
15 de junho de 2013
Opus #01
Tão distante o bastante, vulnerável de dá uma pena extinta
que instiga os arrepios da pele, e os rastros do suor da testa ainda agitada, nocauteavam minha espera irregular e fantasiada de privilégios temporários. As palavras
não circulavam de seus verbos, e do parafrasear não se tinha o bastante para a
compreensão satisfatória, e de certa forma corroída pela ansiedade peculiar de
um ajudante sem o recebimento de seu salário.
Opus #15
Espere um pouco, espere velozmente! A única chance que tinha
era a importância que se dava a ele mesmo, um egoísmo gélido e ignorante que
predominava em suas veias, uma pele sem vida, apodrida e fervida, atos inodoros
sem uma liberdade de amanhecer em nossos dias, em nossos sonhos triunfais
que se perdiam nos naufrágios dos pensamentos.
14 de junho de 2013
15 de maio de 2013
Vulnerabilidade do querer
Ele precisava apenas de um espírito animado, de uma
ventilação unanime e desagarrada. Supostamente uma apropriação de si mesmo com
uma descrição de amor próprio. Na ocasião de se descobrir seus ventos pessoais
eram amarelados e causava-lhe um esgotamento favorecido que a rivalidade diagnosticou
como vulnerabilidade do querer, e essa prescrição o saldaria pausadamente com o
intuito de desfragmentar suas vontades.
11 de maio de 2013
Opus #11
Torno-me apreendido pelos ventos de cor azul-marinho que fluem
da sutiliza de tua devoção, do encontro do perdido com o encontrado, e me
canalizo em uma só atitude, a de voltar a te abraçar nos cenários gélidos e
que em contato com teu corpo, o calor que emana de ti, perseguiu minhas trevas
e as extinguiu velozmente, me ligando, me liberando.
3 de maio de 2013
Opus #03
A cena era esta:
Papéis rasgados em um chão de esperanças escorregadias.
Uma vela tremulante.
Ansiedade bastante para torcer o peito sem deixar nenhuma gota de arrependimento.
Um olhar.
Um esconderijo.
Homem esperançoso.
Os pés quem ficar.
A saudade é aquarelável.
Não existe paredes.
O lugar é um elo desenhado com giz de cera.
Na mão ossuda uma representação.
A sombra de um inconstante adormecido.
Na linha da mente a retidão.
Intocável, miserável, inconfundível.
26 de abril de 2013
Opus #26
O que disseram não representava a forma como eu a via de
longe perdida em seus pensamentos mais apaziguáveis.
23 de abril de 2013
18 de fevereiro de 2013
Opus #05
Dando-me, a saber, que não os posso controlar, e que já foram criados com esse intuito devastador, então é melhor não conviver comigo, pois não sei segurá-los, contê-los dentro desse meu peito oriundo do pó, que um dia foi molhado, amassado e soprado, me formando o homem andarilho que me tornei no hoje que se esvaiu em meus dedos ossudos, e que a boca grita: Valha-me Deus! Aproximo-me do caos ligeiro e esperto, do facão incoerente da burrice do outro e, caio de joelhos em arrependimento premeditado jurando por todos “os santos” que não retornarei mais para o convive-o. Noto que caio na desgraça de não cumprir com a minha palavra, e me submeto à convivência da consciência pesada na fragilidade do alheio e, escrevia sobre os meus ventos pra tentar amenizá-los, coisa que conseguia antes, hoje, não mais.
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