...Nitidamente ele não possuía a opinião que todos deveriam
ouvir, porém, na ponta de sua língua lhe saia uma verdade massacrada, uma
violência anônima, e assim por diante.
Mesmo sabendo que deveria ouvir toda aquela verdade, o seus ouvidos se
guardavam em um involucro de timidez, e nem se quer se pronunciavam. Os dedos
artríticos do personagem central corriam em sua máquina de escrever, deveria
está tudo registrado, a pressa do relógio o sacudia por dentro, a organização
das frases e o ritmo dos dígitos alinhados ao excessivo mal-humorado fato de se
estar preso a uma rotina de sentenciar destinos, o havia deixado sem palavras,
de ouvidos mirrados. O comum
predestinado de seus olhos sobre a folha datilografada o deixara em um complexo
de amnésia permanente, e sem fluxo de riso em seu rosto, sua mascara era
notória. O senso comum o fazia suar a camisa xadrez, e de tom pálido suas mãos
enfraqueciam de forma visceral todo seu entusiasmo. Haveria algum salvamento
satisfatório? E ao mesmo tempo esse chamamento o conduzia ao que era de
aparência verdadeira. O que se datilografava não expressava, e nem se quer
justificava os machucados nas pontas dos dedos de quem contava as folhas de
papel canson envelhecido apergaminhado pela saliva sem aderência, o comum era
seu tempo. O personagem central não conseguia conduzir o enredo, e as pautas
não esclarecia a conduta infame que outrora não machucavam os dedos, isto é,
nada respaldava nada, infelizmente. Aqueles
que observavam de longe, e ao mesmo tempo sacudiam suas orelhas para ouvir,
encaixavam fatos sem cola, sem concreto, e já sabemos que casa construída na areia,
não fica em pé, dito popular bíblico eficaz. O corpo massacrado pelo povo tem
mais uma vez seu discurso rasgado e suas memórias rabiscadas com caneta
estourada pela covardia de não enfrentar, de não colocar a cara pra bater, de não
receber um cuspi na face, e nem oferecer ela como sacrifício. A esses o meu
grito é por justiça a favor do datilografo que dizia a verdade, e repudio
contra os ouvidos felinos que tramam conspirações irrevogáveis. Grito por um
futuro audacioso com promessa de fartura e pão para o inocente. Afogo em vinho
a viúva sem acolhimento, quem sabe ela, a embriagada, não se recordará dos seus
sonhos fracassados, quem sabe ela não venha corrigir sua própria história esquecida, quem sabe
ela adormeça pra sempre, em seu canto lúdico abrasador não nos preencha o vazio que preguinha nossa mente abstrata. Não podemos fugir do
personagem central de camisa xadrez sem vida, amarrotada pela consciência, juiz
que agora é réu. A anotação não envergonha ao que disse na mesa, e o gesticular
de braços não apazigua os temperamentos. Um dia poderemos notar uma libertação
de mente, de conduta. Certamente recolheremos as correntes, juntamente com os
cadeados, talvez essa seja a verdade que esperamos ouvir, quem sabe eu me
liberte de vez.
27 de fevereiro de 2012
25 de fevereiro de 2012
Acabado...
O que acabou torna-se ponto final, uma fatia visceral, um capítulo findado - Em estado de luto a nossa vontade esperneia, não há balbucios, o absolutamente se torna rei, o que proferia amor eterno, hoje se veste de opróbrio.
Entre o coração partido e o desprendimento do afeto.
17 de fevereiro de 2012
Infinito Teu...
Quando couber tudo na alma, dá pra sentir o infinito teu.
Quando tudo perdido está, reconstruo do nada usando apenas a
imaginação, as cenas brotam, o ressentimento desaparece.
E desligo de apto o meu desleixo amedrontado, e aos poucos a
satisfação de andar de bicicleta me encoraja, sustentando-me em risadas e falta
de fôlego. O que descubro é uma repentina falta de não saber o que fazer depois
da despedida, coisas de gente inocente demais...
Nas diretrizes de um futuro incerto, calço-me de uma
atrevida e anestesiada coleta de pontos, de asteriscos, fazendo com que o meu
sentido fique apurado novamente. A respiração
ofegante que sinto nada mais é que a falta que você me faz, entre minha distância
acovardada pela insensatez indomada de não poder calcular a tua ausência. Porém
a vida, a grandiosa, sempre deixa um rastro de sorrisos na nossa vivência
sofrida, daí a gente pode ter conclusões que nada acontece por acaso, e já
sabemos que o ocaso é apenas uma pausa na partitura.
16 de fevereiro de 2012
O que sou...
Por que digeristes o arrepio da minha pergunta? E ao invés de compartilhar a resposta, há sufocaste?
Não seria eu o deu delírio, o amante da madrugada, o silêncio em teu quarto envelhecido?
Saberias quem eu sou, se prestastes a atenção nas gotas da chuva, nas rachaduras nas mobilhas potreadas pela saliva incontrolável de tua vontade.
No colicitante balbuciar de ligeiras e corriqueiras asas de afirmações sem aquele tom de liberdade, pusesse em jogo a minha adrenalina e afogaste em balde a minha imaginação, meus sonhos mais utópicos.
Como lhe disse em tempo oportuno, Deixei te ir sem medo que retornastes com um furor alterado, pus as aspas no lugar certo, corrijo a insegurança e calibro a temperança vã.
14 de fevereiro de 2012
Esperar...
Insistir em seguir as reticências por um momento pode ser
esclarecedor e dar ênfase a espera.
Já que sou letra, aproximo-me das avenidas que circulam tem
teus pensamentos, lá a espera sempre foi maior.
10 de fevereiro de 2012
na ponta da linha
....Sigo as linhas do ocaso.
De vez enquanto eu chego à outra ponta.
Só não sei muito que dizer, repousa minhas pálpebras.
Linhas impetuosas, falantes ao exagerado, não prometo conduta plena,
Apenas o que minha alma almeja.
De vez enquanto eu chego à outra ponta.
Só não sei muito que dizer, repousa minhas pálpebras.
Linhas impetuosas, falantes ao exagerado, não prometo conduta plena,
Apenas o que minha alma almeja.
2 de fevereiro de 2012
Dizeres...
É um motivo único carbonizado pelo instante impreciso, era o
que eu contemplava ser. Seja bem vindo o motivo pelo qual eu almejo crescer, era
o que dizia meu entusiasmo ofegante. Bendito o que nasce em mim com raízes corajosas, era o que gritava minha visão atenta, meu âmago.
Foto: Flickr.com
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